terça-feira, dezembro 13, 2005

Água Fria

Tenho uma centena de manuscritos.
Neles está o que quero,
mas faltam cem mãos.
E, pasmado, desencontro os olhos
do meu quarto:
não há tempo,
memória,
mas quero tudo.
Deixo-me entrar
no frio do chuveiro,
esperando que a água mole
bata e fure.
Há pouco de mim.
Mas continuo,
como perseverante
que nunca fui.
...sentir que vale.
basta uma idéia e um sentimento.
Eu tenho a idéia;
mas estou tão desgarrado do poema
que posso apagá-lo
sem achar que perdi parte
da minha vida.
Olho o espelho
e a toalha que me enlaça
o flanco e esconde as partes.
"Teu corpo é meu espelho
e em ti navego".
Se meu o verso,
o poema se completaria...
Volto então ao meu quarto
e já sem mãos,
tento ler os manuscritos.
Na falta de ti
tudo agora faz sentido.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

A falta inventa um sentido?

6:50 PM  

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